RESORTS E NAVIOS: COMPETÊNCIA E CRIATIVIDADE PARA CRESCER
Em nosso
assunto do mês no blog "Turismo Opinião" falamos sobre a concorrência entre
Resorts e Navios. O tema foi escolhido por termos ouvido e lido muito sobre a
concorrência e o convívio entre os dois segmentos. Foram muitas queixas de
diretores de resorts e da Resorts Brasil. Se dizem prejudicados com o aumento da
oferta de cabines, que empregam grande números de pessoas e que movimentam
fortemente a economia do País. Um diretor do setor inclusive teria usado, em
entrevista a uma revista de negócios, a palavra "piratas" para se referir à
chegada desses navios ao País.
Os
representantes dos cruzeiros marítimos, que agora têm a Abremar para cuidar de
seus interesses, dizem que o trabalho vem sendo bem feito, aproveitando a
vontade dos consumidores de experimentar os ótimos preços e a nova modalidade de
viagem. Afirmam que pensam no mercado como um todo, que a chegada dos navios
incrementa o turismo e a economia, e que trazem sim, novos empregos.
Com a
quantidade de depoimentos que recebemos, pudemos perceber que a ação dos
resorts - que defendem a atenção às questões sociais, econômicas, de disparidade
de oportunidades, e a necessidade de uma regulamentação do setor de navios para
se chegar a um equilíbio no mercado - vai perdendo um pouco de sua força. Houve
até a sugestão de que se libere os cassinos e duty free em suas instalações.
É claro que a
situação exige por parte das autoridades uma atuação firme, que se faça
realmente essa regulamentação, principalmente trabalhista, e que aconteçam
investimentos reais em infra-estrutura dos portos. Mas, alguns dizem que o
Governo Federal e o Ministério do Turismo acordaram tarde para essa necessidade
e que agora estão realizando estudos para contornar a situação.
Não estamos
aqui defendendo nem um segmento nem outro, inclusive porque nem temos know-how
para isso. Toda a nossa tese se baseia em observações feitas na movimentação do
trade, em conversas informais, aos depoimentos que recebemos, e também ao modo
como os representantes dessas empresas e associações envolvidas na questão
receberam a palestra do Sr. Miguel Fluxá, presidente do Grupo Iberostar, durante
o Fórum Panrotas, no mês passado, em São Paulo.
Solicitado a
revelar algumas idéias sobre legislação e operação de resorts e navios que
poderia trazer para o Brasil - já que opera nos dois segmentos e está investindo
no País - Fluxá respondeu que nunca se deve ir contra a vontade do consumidor.
Ele decide se quer ir para um resort ou para um navio. As duas partes é que
devem procurar ser atraentes para serem escolhidas. Disse também que o Brasil
deve se abrir para o mundo, mas que precisa, em primeiro lugar, resolver seus
problemas cruciais de tributação, de infra-estrutura e, é claro, de segurança,
que assustam os estrangeiros.
Assim, várias
idéias e sugestões vão se colocando. E isso pode parecer um grande problema. E
talvez seja. Mas deve ser encarado e resolvido. Repetindo: regulamentação,
geração de empregos, infra-estrutura, preparação adequada para a concorrência,
diferença e grande número de tributos, atendimento personalizado, e marketing
criativo. Todos esses itens devem ser atacados com disposição e apoio do Governo
e da iniciativa privada. O Brasil e o setor turístico como um todo só têm a
ganhar.
Enquanto tudo
se resolve, a convivência e a comercialização de cada segmento passa por
investimentos concretos em marketing, publicidade e, fundamentalmente, em ações
de criatividade e estruturação para que o cliente perceba a diferença no
atendimento de cada produto. Isso é o que parece determinar o futuro dessa
concorrência nesse momento. Se é que ela existe.
As questões
mais relevantes devem ser discutidas entre todos e resolvidas pelo Ministério do
Turismo, que tem conseguido aumentar o número de turistas estrangeiros no Brasil
e tem tornando o nosso mercado cada vez mais conhecido no exterior. Outras
situações que não levem ao crescimento do mercado em geral, ações
individualizadas, corporativistas, que possam fazer com que um ou outro setor
tenha algum tipo de privilégio, devem ser esquecidas.
Cada produto
tem suas características, sua maneira de ser comercializado, e de atrair seus
clientes. A melhora e o aperfeiçoamento desse atendimento é fundamental para que
todos possam atuar de maneira correta e lucrativa, já que há espaço para todos.
Vamos aguardar
os próximos passos.
Júlio Cesar de Sousa
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