por Marco A. Cardoso &
Anderson R. Isabella
06/10/2005
Historia 1: Navegávamos às
3h da manhã entre a Ilha de St. Lucia e Barbados com 850 passageiros a bordo
quando o capitão acionou o alarme de emergência. Após a parada do navio
descobrimos que tínhamos encontrado uma lancha a deriva com 4 pessoas a bordo,
sem água, comida e combustível. Feito o resgate das 4 pessoas, que informaram
ter se perdido durante uma tempestade, foi providenciado o naufrágio da lancha
(não se pode deixar uma embarcação a deriva e sem luzes em alto mar). Seguimos
para a ilha de St. Lucia e, quando chegamos na manhã seguinte descobrimos que os
4 tinham escapado da prisão local pouco menos de uma semana, roubado uma lancha
e estavam tentando fugir da ilha. Oh dor!
Historia 2: A tripulação fica
sabendo de tudo que acontece dentro de um navio (tudo mesmo). Um passageiro que
viajava durante o verão de 1999 no Caribe e que estava em lua de mel com a sua
esposa enviou 2 rolos de filme para serem revelados no navio. Tal foi a surpresa
do fotógrafo durante a revelação quando descobriu que todas as fotos eram da
esposa do passageiro, completamente nua, em poses sensuais e ele vestido com
roupa de couro, acorrentado e apanhando dela. A maioria das fotos foram feitas
de madrugada em vários lugares públicos do navio (elevadores, teatro,
restaurante...). Não precisa nem contar que as fotos rodaram pelas mãos de toda
a tripulação.
Historia 3: Tripulante sofre!
Todos os dias logo após o término de nossas atividades interativas de dança eu
tinha o costume de parar em um dos bares para tomar um capuccino. Numa bela
tarde, após o embarque de passageiros no Rio de Janeiro, uma passageira que já
embarcou cambaleando (bebinha, bebinha) teve a oportunidade de nos ver no final
da atividade e nos seguiu, a mim e a um colega, até o bar onde mencionei gostar
de parar para meu capuccino. Ela puxou conversa e, como cabe a todos os
tripulantes, dei a devida atenção. A mesma começou a contar histórias sobre sua
vida retratando ser bailarina, excelente dançarina. Pediu para que eu me
levantasse e começou a me mostrar, ou melhor, dizendo, tentar mostrar, alguns
passos. O grande problema é que ela queria mesmo era outra coisa logo em seu
primeiro dia, pois começou a me cercar e, com um copo sendo equilibrado em uma
das mãos, tentava com a outra livre pegar no meu P. É isso mesmo, simulava uns
passos malucos, equilibrava o copo e tentava com a mão livre pegar no meu P.
Final da história: Segurei em sua mão, fiz um passo dei três ou quatro giros na
moça e me mandei. Ela sentou-se e sequer descobriu, acho que até hoje, onde
estava e muito menos para onde eu tinha ido.
Historia 4: A rotação dos Comandantes é de 4 meses.
Em 1997 na Ilha de Aruba tivemos a troca do comandante. O novo capitão assumiu o
navio no domingo pela manhã e a noite zarpamos em direção a ilha de St. Lucia.
Dizem que o novo capitão estava completamente embriagado quando chegamos a St.
Lucia, pois ele não parou o navio, batemos de frente no píer do porto e se abriu
um rombo de 8 metros de diâmetro na proa do navio. O navio não afundou, pois os
navios dispõem de tanques de compensação, mas seria a primeira vez na história
dos navios que um capitão consegue afundar um navio em pleno porto. O Capitão
foi demitido, teve a sua licença cassada e cumpriu 4 anos de prisão na Ilha de
St. Lucia.
Historia 5: Certa vez, um
passageiro me perguntou quanto tempo iríamos gastar da Ilha de St. Thomas para a
Ilha de St. Marteen. Informei ao passageiro que somente 6 horas de navegação,
pois St. Marteen ficava somente a 150 milhas náuticas. O passageiro então me
perguntou quanto tempo gastaríamos se a viagem fosse de carro?
Historia 6: O dito popular
valeu muito no caso da falência da Premier "Quanto mais reza, mais assombração
aparece" ou "encrencado, encrencado e meio". Na semana que os investidores
começaram apertar a empresa pelo pedido de falência, vários acontecimentos
ocorreram com os seus navios:
Em pleno sábado de verão americano em Rhode Island, o navio
Big Red Boat II (antigo Edinburgh Castle, EugenioCosta e Eugenio C) fazendo a
sua primeira viagem entre Nova York e New England, chegou a seu primeiro
destino; Newport - Rhode Island. Na hora da partida com o piloto (prático do
porto) a bordo do navio, inexplicavelmente se esqueceram de levantar a
âncora. De repente, a âncora prendeu em um cabo submarino de eletricidade que
conectava a Ilha de Jamestown com Newport. O cabo foi esticado sem que ninguém
no navio nota-se nada até que se rompeu. Sem problemas... Porque a Cia.
Energética de Narragansett muito espertamente tinha instalado um segundo cabo de
eletricidade a alguns metros adiante caso o primeiro cabo arrebentasse.
O Big Red Boat II, entretanto, continuou em frente arrastando a âncora e acertou
o segundo cabo de eletricidade também o partindo ao meio. O navio iria seguir
arrastando a sua âncora e junto os dois cabos se não fosse pelo desespero do
comandante do porto que parou o navio e mandou cortar a âncora com um maçarico,
mas já era tarde demais...
Newport ficou sem energia elétrica por duas horas, pior foi a ilha de Jamestown
e seus 3.000 habitantes que ficaram sem energia por 17 horas até que os cabos
pudessem ser reparados. Os habitantes da ilha ficaram sem água, pois os
geradores elétricos das bombas pararam de funcionar, escolas e quase todo o
comércio fechado durante dois dias, exceto aqueles que vendiam geradores a
gasolina por preços de até 2 mil reais cada.
Big Red Boat II seguiu direto para Halifax cancelando o porto de Boston e uma
semana depois teve o próximo cruzeiro cancelado devido a problemas no sistema de
ar condicionado. Isso tudo acontecendo semanas antes de sua falência e com uma
forte pressão dos acionistas... Seria engraçado, se não fosse trágico!
Historia 7: Um casal de
Americanos me perguntou se alguma vez aquele navio em que estávamos navegando já
tinha afundado? "Caso queira ler mais historias engraçadas de navios,
visita a seção "historias" e divirta-se!
Historia 8: Durante um cruzeiro
de 7 noites pela costa brasileira, nos três primeiros dias, foram encontradas
manchas nas áreas livre do navio, principalmente nos corredores rumo aos bares,
próximo a piscina, restaurantes... As manchas não tinham cor, mas marcavam os
carpetes pelo navio deixando sempre uma enorme poça arredondada. No quarto dia
descobrimos o que e quem estaria provocando tais poças “de água”. Uma passageira
que, após tomar todas, não conseguia controlar sua urina. Todos os passageiros
puderam flagrar a moça que, em plena brincadeira no salão principal, às 22h, fez
o dito “Pipi” sem perceber no decorrer da brincadeira quando estourava uma
bexiga. Parece até trocadilho, mas foi sério. Ela encharcou o chão e a
brincadeira foi suspensa por alguns instantes, pois tivemos que esperar o
socorro da equipe de limpeza. Que papelão!
Historia 9:
Paramos com o navio na Ilha Grande, a 40 minutos de escuna do porto de Angra.
Estava responsável em acompanhar o desembarque de 40 passageiros do navio até o
porto de Angra dos Reis. O agente do navio “se esqueceu” de informar a
autoridade portuária que iríamos desembarcar os 40 passageiros. Quando chegamos
ao porto com 40 passageiros, 3 tripulantes da escuna e 3 camareiros do navio
para descarregar as malas, o mestre da escuna me perguntou se eu tinha certeza
de que poderia encostar a escuna no porto para o desembarque e eu disse que sim.
Começamos a descarregar as malas logo após encostar a escuna quando um senhor
muito educadamente se aproximou da escuna e perguntou quem era o responsável
pela embarcação e todos apontaram para mim. O Senhor então sacou a sua
identidade como agente da policia federal e aos berros disse “Quem te autorizou
a encostar essa embarcação no porto? Isso aqui não e a casa da mãe Joana não,
você tem que ter autorização” quando tentei falar alguma coisa, o agente foi
explicito “Estão todos presos, você, esses passageiros, os tripulantes e a
escuna”. Final da história: ficamos 2 horas dentro da escuna sem poder sair,
debaixo de um sol forte de 38 graus. Fomos liberados somente depois que o agente
portuário se explicou, pagou a multa e pediu mil desculpas.
Historia 10:
Durante o percurso entre Buenos Aires e Ushuaia (Terra do Fogo) fomos alertados
pelo comandante para ficarmos, no caso os passageiros, atentos e dentro de suas
cabines, pois estávamos passando por uma zona tempestuosa. Durante todo o
cruzeiro, de 23 noites, passadas mais de dez até o momento, jamais tinha visto
um senhor que caminhava com muita dificuldade, pois o mesmo usava muletas, se
deslocar com tal facilidade e equilíbrio. Bastara o navio passar por esta
tormenta que visto tal fato, este senhor, sozinho, estava se deslocando por todo
navio enquanto os demais passageiros ficavam aflitos em suas cabines. Este mesmo
senhor ainda pode presenciar um “quase tombo” meu e de meu colega em uma das
escadarias. Seria engraçado se não fosse triste, mas às vezes as pessoas
precisam de “algo agitado” para se mover na vida!
Historia
11: Quatro amigos de Nova York compraram bilhetes
de transporte através do nosso Departamento de Excursões (todo navio tem um
departamento de excursões a bordo) e foram jogar golfe no segundo dia que
estávamos na ilha das Bermudas. Após chegar ao campo de golfe todos alugaram os
tacos e se dirigiram ao ponto de início rapidamente. Um dos amigos, porém,
demorou muito e acabou ficando para trás.
Três dos amigos se dirigiram
para a saída do buraco número 1 e começaram a bater papo enquanto esperavam pelo
último amigo.
O primeiro comentou que seu
filho de 25 anos ia muito bem na vida, pois era proprietário de uma empresa de
construção civil e, construía prédios em Nova York. Estava tão bem que acabará
de presentear uma amiga com um apartamento em seu mais último prédio ao lado do
Central Park. O Segundo amigo todo orgulhoso comentou que graças a Deus seu
filho também ia muito bem. Era proprietário de uma revendedora de carros da
marca Porshe e também acabará por presentear uma amiga com uma Porshe Carrera
911. O terceiro amigo não querendo ficar por baixo comentou que seu filho era
corretor na bolsa de valores de Nova York e trabalhava para uma das maiores
empresas de corretagem de Nova York. Estava ganhando tanto dinheiro que acabou
de dar de presente de aniversário a uma namorada um portfolio de ações no valor
de meio milhão de dólares.
Quando acabava de falar, o
quarto amigo finalmente chegou e quis saber sobre o que conversavam tão
entusiasmados. Um dos Senhores respondeu “Ah… falávamos de nossos filhos e como
estão tão bem na vida, ganhando dinheiro e cada um com muito sucesso na sua
área. Mas, e você? Você também deve ter orgulho do seu filho? O que ele faz?”.
“Infelizmente meu filho não me
dá toda essa alegria não. Meu filho é gay e como vocês podem imaginar, sinto
muita vergonha disso. De qualquer forma esse negócio de ser gay deve ser bom,
porque ele acabou de ganhar um apartamento novinho ao lado do Central Park, uma
Porshe Carrera 911 e um portfolio de ações de meio milhão de dólares”.
****Essa história nos foi
contada por um dos amigos quando do retorno para o navio tiveram de ser
atendidos pelo médico a bordo após a briga que se seguiu por conta dessa
conversa. Os amigos se tornaram inimigos e, infelizmente o cruzeiro de todos foi
um desastre.
Historia
12: Um passageiro fez a seguinte declaração de
agradecimento a seu camareiro no cartão de comentários: “Meu camareiro era tão
bom que todas as vezes que eu me levantava de madrugada para ir ao banheiro,
quando retornava, encontrava a minha cama arrumada”.
Historia
13: Um passageiro fez a seguinte declaração de
agradecimento a seu camareiro no cartão de comentários: “Entramos nesse navio
como passageiros e sinto que vou desembarcar como carga. 6 refeições ao dia....
Por favor, providenciem uma empilhadeira para me descarregar do navio...
OBRIGADO!”
Historia
14: Todo tripulante que embarca em um navio pela
primeira vez é obrigado a fazer a bordo vários cursos de emergência, técnicas de
segurança etc. Toda vez que tínhamos um tripulante assim, esperávamos a primeira
semana e informávamos a ele que ele tinha sido requisitado a comparecer a ponte
de comando às 5 da manhã do dia seguinte, se apresentar ao oficial de navegação
e informar que estava ali para cumprir o “fog watch” por 4 horas. Ele deveria
ficar parado na ponte de comando com um binóculo procurando embarcações no
horizonte. Era brincadeira, pois o tripulante chegava na ponte de comando às 5
da manhã e o oficial não entendia nada e o mandava de volta a dormir.
Historia
15: Um segurança testemunhou um garçom do
restaurante entrando na cabine de uma passageira às 3 da manhã. O segundo
capitão foi chamado e juntamente com o oficial da segurança bateram na porta da
cabine da passageira. Após 10 minutos e com a recusa da passageira em abrir a
porta, o segundo capitão usou a chave mestra para abrir a porta. A sua surpresa
foi enorme quando viu o tripulante com meio corpo para fora da escotilha e meio
corpo dentro da cabine. Estava tentando escapar da cabine pela escotilha. “A
cabine ficava localizada na altura da água e, do lado de fora do navio, não tem
nada em que se apoiar. Para onde ele ia? Ao mar?”.
**É proibido qualquer tipo de
relacionamento entre tripulante e passageiro (as companhias têm medo de ações na
justiça por assedio sexual). Ainda se faz necessário conter os tripulantes para
que um noivo, recém casado e em lua de mel, não sinta que os olhos de um
tripulante estejam em sua esposa, ou mesmo namorada, filha, sobrinha etc. O
comportamento da tripulação tem que ser o mais respeitoso possível.
História 16:
Sabendo-se de toda preocupação em conter os “ânimos” dos
tripulantes perante os passageiros, em um cruzeiro pela costa brasileira entre
Santos e Angra, nos vimos desesperados atrás de um dos membros da equipe de
dança, pois faltavam poucos minutos para começar o show, quando decidimos
verificar se o mesmo estava em sua cabine. Desconfiávamos de algo e corremos
para tentar localizá-lo. Quando tocamos a campainha da cabine, o mesmo abriu
apenas um vão da porta, ficando somente com o tronco aparecendo e disse:
Pessoal, vou tomar um banho, não estou passando bem, façam um bom show por mim.
Estaria ele quase desculpado por não participar do show se, logo após completar
sua frase, não escutássemos a descarga! Até hoje não sabemos quem estava lá, mas
seria impossível alguém abrir a porta e dar descarga ao mesmo tempo.
História 17:
Na ilha de Cozumel fomos obrigados a devolver o pagamento do
passeio de helicóptero para uma família de 4 americanos, pois o helicóptero não
conseguiu levantar vôo. Cada passageiro pesava em média 150 quilos e a família
somente aceitava fazer os passeios juntos!
História 18:
No ano de 2001, às 2 horas da manhã, durante um cruzeiro de
Nova York para as Ilhas das Bermudas, o vigia da ponte de comando notou um vulto
na borda da proa do navio. Enviou uma equipe da segurança para investigar. Os
seguranças descobriram manchas de sangue fresco na borda do navio. O Capitão
parou o navio, fez uma contagem manual de todos os 1850 passageiros e descobriu
que o filho de um comerciante de Nova York estava desaparecido. A Guarda
Costeira Americana foi informada e enviou 2 helicópteros de busca. O navio fez o
procedimento padrão, deu meia volta e seguiu em marcha lentíssima trilhando o
mesmo caminho em que vinha. Às 8h30 da manhã, o passageiro foi encontrado
boiando ainda vivo, mais ou menos a 170 milhas náuticas de Nova York. O mar
estava com a temperatura de 12 graus (o que seria impossível ele ter sobrevivido
tanto tempo). O passageiro explicou após o resgate que estava completamente
embriagado e que quis copiar o Leonardo di Caprio, do filme Titanic, gritando
com os braços abertos na proa do navio (Sou o Rei do Mundo), só que não
conseguiu acabar a frase, pois caiu no mar. Um milagre esse passageiro ter sido
encontrado com vida. As explicações para tal milagre: “O passageiro estava tão
bêbado que o álcool ajudou na desaceleração da temperatura de seu corpo!”.
História 19:
Ao final de um show dentro do navio, o passageiro subiu ao
palco, pegou o microfone e pediu a namorada em casamento perante 800
passageiros. Foi uma festa, o único “porém” foi que a noiva quando subiu ao
palco, completamente sem graça, pediu desculpas a todos pelo constrangimento.
Olhou firmemente para o namorado e disse: “sinto muito, fiz essa viagem com você
somente porque você insistiu e ia usar essa viagem para te convencer de que o
nosso namoro acabou. Eu estou saindo com o John, seu melhor amigo, ele me pediu
em casamento na semana passada e eu aceitei”.
História 20:
É sempre muito importante pensar uma, duas, dez vezes antes
de falar, principalmente perguntar, qualquer coisa a um passageiro. Na noite
após o embarque dos passageiros, no porto de Buenos Aires, trabalhávamos no
salão principal quando uma senhora pediu que dançasse uma música com ela. A
música virou duas, três e os comentários, apertos, cheiros... durante as músicas
eram inúmeros, quando resolvi perguntar de sua vida profissional para ver se
quebrava aquele clima “erótico” que ela até então direcionava a conversa.
Perguntei o que ela fazia, sua profissão e a mesma me respondeu: SOU PROFESSORA
DE FRANCÊS e eu, ingenuamente e rapidamente para não deixar a conversa morrer,
perguntei o porque de uma pessoa aprender primeiro Francês a Inglês ou até mesmo
Espanhol e, a reposta foi: PARA FAZER AMOR. GEMER EM FRANCÊS É MUITO MAIS
GOSTOSO! Moral da história, fiquei mais sem graça ainda... e continuei a dançar
pelo menos mais uns cinco boleros!